Dediquei o último
artigo a tentar trazer uma palavra de compreensão para aqueles que não
concordam com os ensinamentos da Bíblia em relação à homossexualidade, neste
artigo irei tentar mostrar o que ensina a Bíblia, o porquê, e porque a devemos
seguir.
É importante em
primeiro lugar compreender o que a Bíblia não ensina sobre a homossexualidade:
a Bíblia não ensina que ser homossexual é pecado! O que a Bíblia ensina é que o
acto homossexual é pecado, ou seja, que quando alguém voluntariamente entra em actividade
homossexual esta a pecar, não quando involuntariamente simplesmente sente um
desejo físico (ou romântico) por alguém do mesmo sexo. É claro que o leitor
liberal vai imediatamente dizer-me que a Bíblia ensina que para um homossexual
estar bem com Deus, ele tem, de certa forma, de se negar a si mesmo no que toca
aos desejos homossexuais, por muito fortes que sejam, e eu vou supor que são
tão fortes como os de um heterossexual como eu, e vou admitir que tal pode
parecer impossível . Eu não vou negar que a Bíblia ensina exactamente isso.
Para aqueles que ficam chocados com o que acabei de escrever, peço apenas que
leiam o resto do artigo para compreendermos juntos o porquê disto.
O Deus da Bíblia
não é um Deus solitário, é um Deus que existe desde sempre numa comunidade de
três pessoas a que chamamos Santíssima Trindade, e isto é compreendido pelo
facto de o Deus da Bíblia ser amor, como nos diz São João (I Jo 1:8). Pai,
Filho e Espírito Santo vivem numa Aliança divina antes de todos os séculos, e
Deus tem feito alianças com o Homem desde o início da Humanidade, a Bíblia
relata explicitamente cinco: primeiro com Noé, onde promete nunca mais destruir
a humanidade, cujo símbolo é o arco-íris (Gn 9:8-17),
depois com Abraão, onde lhe promete descendentes tão numerosos como as estrelas
e também a terra de Canaã e cujo sinal é a circuncisão (Gn 15 5:7 ,
Gn 17:1-9),
com Moisés e os filhos de Israel, de onde vêm os 10 Mandamentos e cujo sinal é
o Sábado (Ex 19:3-6),
mais tarde com David (2 Sm 7:12-17),
cujo sinal é o trono, e onde Deus promete estabelecer o reino do seu
descendente, que é quem faz a Nova e Eterna Aliança de Deus com todos os
crentes, Jesus, onde a promessa é a remissão dos pecados e a presença de Deus
para sempre (anunciada em Jr 31:31-34 e consumada em Lc 22:19-20), e o sinal desta aliança é a Ceia do Senhor
(Comunhão). Uma aliança não é uma troca de bens ou apenas de promessas (embora
as inclua), mas uma troca de pessoas, Deus diz-nos: eu sou teu e tu és meu. Mas
o que tem isto a ver com homossexualidade? É simples, o casamento é uma grande
aliança, aliança entre duas pessoas onde se tornam numa só carne (Gn 2:24),
como Jesus e o Pai são um só (Jo 10:30),
e o que escrevi acima mostra a importância do casamento para Deus: o Deus da
Bíblia é o Deus da Aliança, Ele vive por Alianças e Ele é uma Aliança, e o
Casamento é a oferta de Deus para vivermos como Ele, em Aliança, e portanto não
pode mais ser profanado. E como todas as alianças de Deus têm um sinal, também
o casamento tem. Deus não é anti sexo como muita gente pensa, ele criou o sexo
para que seja literalmente possível homem e mulher se tornarem uma só carne e
darem fruto (filhos), e estes são os sinais da aliança entre eles. Sendo que o
casamento é entre um homem e uma mulher, como está escrito nos Génesis,
relações homossexuais falham a marca de perfeição de Deus, e isto é
precisamente o que significa a palavra pecado. Mas para o leitor heterossexual
a ler este artigo, lembre-se que luxúria e sexo fora do casamento também falham
a marca precisamente da mesma maneira, e às vezes de maneira pior no caso da
luxúria, não sendo portanto pecados menores que a prática da homossexualidade.
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Neste momento o
leitor estará a perguntar-se: mas se estas pessoas se amam, porque não
deixá-las casar e ser felizes? Não é a felicidade humana aquilo com que nos
devemos preocupar e deve definir o que chamamos moral? Pergunto ao leitor:
imagine que dois irmãos estão apaixonados um pelo outro. Será correcto que
casem? Ou pai e filha? Ou porque não um homem de 50 anos e uma menina de 10?
Espero que o leitor pelo menos responda não a uma das perguntas anteriores. O
leitor está neste momento a esbracejar para os céus e a exclamar: “não se pode
comparar!”. Mas porquê? Se o amor é tudo o que define um casamento, se a
felicidade humana é tudo o que define a moralidade, porque não permitir nos
casos acima um casamento? Seremos arrogantes ao ponto de pensar que estas
pessoas não se podem apaixonar da mesma maneira que nós? Consideramos estes
casos estranhos e impossíveis tal como um heterossexual considera estranho e impossível se apaixonar por alguém
do mesmo sexo. E porque parar em pessoas? Porque não propor o casamento entre
um homem e o seu cão? Espero que o leitor esteja a pensar neste momento que já
“me estou a esticar”. Mas a questão prevalece: porque não permitir o casamento
nestes casos? Eu respondo: porque eles não fazem parte do que é o casamento.
Dois irmãos não podem casar, nem um homem e a sua filha, nem um homem e o seu
cão, pela mesma razão que não se pode marcar um golo num jogo de basquetebol, é
um erro de categoria. Devemos agora perguntar-nos: mas quem define o que é o
casamento? Quem define o que é moral ou não? Se somos nós homens então
certamente poderíamos todos juntar-nos e decidir que a partir de hoje todas as
situações acima seriam moralmente aceitáveis e elas passariam realmente a ser!
E até poderíamos não parar aqui e decidir que a escravatura é na realidade
aceitável. Se a moralidade é subjectiva ninguém nos pode impedir de a definir
democraticamente em qualquer ponto da história. Mas no fundo dos nossos corações
sabemos que a moralidade não é subjectiva, que ela transcende as opiniões do
homem. Sabemos que o casamento é algo que também tem uma certa objectividade,
que as situações acima não se qualificam para o que é o casamento, mesmo que
toda a gente decida o contrário. Mas se tal é verdade, então como saber
realmente o que é o casamento? Como saber o que está certo e errado? É óbvio que a nossa intuição moral ajuda,
mas ela às vezes também falha, e normalmente por culpa de a termos deturpado.
Para saber com certeza o que está certo e o que é realmente o casamento,
devemos consultar Aquele que o criou, e Aquele que dita as leis, e Ele diz-nos
através da sua palavra que o casamento é entre um homem e uma mulher e que
actividade homossexual não é o seu ideal, sendo portanto considerado o que a
Bíblia chama de pecado.
Mas e não disse eu
no último artigo que ninguém escolheu ser homossexual? E digo novamente, e é
por isso que ser homossexual não é pecado. O que cada um escolhe é a prática
dessa mesma actividade. E dizemos nós agora para os Céus: “Mas e não é pedir
demais, Cristo? Que me negue a mim mesmo por ti?”, e Cristo responde: "Se
alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha
causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e
perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mt 16:24-26). Jesus pede a nossa vida, mas é importante nos
lembrar-mos que ele primeiro nos deu a dele, tal como diz São Paulo: “Mas Deus
demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos
pecadores.” (Rm 5:8). E pode
parecer difícil, e até impossível, seguir tal mandamento, mas a questão é que
Deus não exige que o façamos sozinhos, Ele mesmo nos irá ajudar através do
Espírito Santo, como diz na promessa a Moisés:
“O Senhor, teu Deus, circuncidar-te-á o coração e o de tua descendência,
para que ames o Senhor de todo o teu coração e de toda a tua alma, a fim de que
possas viver. O Senhor, teu Deus, fará cair todas essas maldições sobre os teus
inimigos e sobre aqueles que te perseguem com ódio. Tu, porém, voltarás a ouvir
a voz do Senhor, e porás em prática todas as ordens que hoje te prescrevo.” (Dt 30:6-8),
e é por isso que Jesus diz “A estas palavras seus discípulos, pasmados,
perguntaram: Quem poderá então salvar-se? Jesus olhou para eles e disse: Aos
homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível.” (Mt 19:25-26).
A pergunta que se
segue é: mas e não é Deus injusto ao enviar ao homossexual tal tentação e não
aos heterossexuais? Porque devem estes abdicar do casamento e outros não? Eu
não afirmo saber responder na totalidade a esta pergunta, mas posso garantir
que não há um ser humano no mundo que não tenha uma certa tentação para o
pecado: uns sentem ganância, outros
luxúria, uns vontade de abusar do álcool e da droga, enquanto outros sentem
raiva e se irritam facilmente, e ainda há outros que sentem compulsão em
mentir. Todos estes comportamentos e outros são condenados na Bíblia (por
exemplo 1 Cor 6:9-10).
Agora é preciso compreender que nenhum destes comportamentos nos afasta do
Reino de Deus definitivamente, pois nenhum pecado é tão grande que Jesus não
tenha vencido na Cruz e Deus não possa perdoar. No entanto, persistir nestes
comportamentos, sem vontade de mudar (arrependimento), sem pedir perdão a
Jesus, isso sim nos afastará do Reino de Deus. Qualquer Cristão é também um
pecador, a grande diferença entre o Cristão e o não Cristão é que o Cristão
admite, pede perdão, é perdoado, e tenta
mudar o rumo, enquanto que o não Cristão não o faz. Portanto devo dizer em
honestidade, mas pedindo que não utilize isto como desculpa para pecar, que
será bem possível que depois de se submeter a Cristo você, o homossexual que
está a ler este artigo, peque “sexualmente”, tal como o heterossexual que o
escreve já fez muitas vezes, como costumamos dizer, por pensamentos, palavras,
actos e omissões mas se pedir perdão e procurar a rectidão de Deus, será
perdoado e crescerá em justiça, tal como o autor deste artigo foi e é
continuamente.