terça-feira, 8 de dezembro de 2015

29 de Novembro - Procurai estar de pé diante do Filho do Homem

Nas leituras de hoje falamos das promessas de Deus e de alguns dos eventos que vão preceder o seu cumprimento.

Primeira Leitura - Jr 33:14-16
Dias virão", declara o Senhor, "em que cumprirei a promessa que fiz à comunidade de Israel e à comunidade de Judá. Naqueles dias e naquela época farei brotar um Renovo justo da linhagem de Davi; ele fará o que é justo e certo na terra. Naqueles dias, Judá será salva e Jerusalém viverá em segurança, e este é o nome pelo qual ela será chamada: O Senhor é a Nossa Justiça.
A maneira como S. Paulo pregava o Evangelho não era da maneira como ele é pregado hoje em dia. Nos dias dos apóstolos, as pessoas acreditavam na existência de um Deus, e as pessoas de Israel em particular acreditavam que o que chamamos hoje de "Antigo Testamento" era a palavra de Deus e tinha autoridade. Como sabemos, no AT encontram-se os livros dos profetas, como por exemplo Jeremias que aqui lemos hoje, que continham promessas ou profecias sobre o futuro. Então Paulo tentava demonstrar aos judeus que Jesus era aquele que cumpria as promessas feitas anteriormente (repare-se na repetição da expressão "de acordo com as escrituras" em  Cor 15:3-5). 
Neste passagem de Jeremias vemos precisamente uma promessa: o povo de Deus será salvo, mas como? Não pelos seus trabalhos ou mérito, mas pelo trabalho do Messias, por isso é que depois dizemos "O Senhor é a Nossa Justiça".

Salmo - Sl 25
A ti, Senhor, elevo a minha alma.
O que significa elevar a nossa alma ao Senhor? A palavra alma, em hebraico nefesh, é o sopro que dá vida aos nossos corpos, num certo sentido, o que nos faz vivos (não exatamente o mesmo que espírito, que em hebraico se diz ruach). Elevar a nossa alma ao Senhor, é portanto focar a nossa força de viver na Sua Glória e satisfazermo-nos nela. É conhecer a Deus pessoalmente, o que é claramente uma experiência inesquecível. Não é só isto, mas também colocar a nossa confiança na Sua Justiça e no Seu Amor, pois Ele salvou-nos do pecado e ama cada de um de nós.

Segunda Leitura - 1 Ts 3:12-13;4:1-2
Quanto ao mais, irmãos, já os instruímos acerca de como viver a fim de agradar a Deus e, de facto, assim vocês estão procedendo. Agora pedimos e exortamo-vos no Senhor Jesus que cresçam nisso cada vez mais. Pois conhecem os mandamentos que vos demos pela autoridade do Senhor Jesus. Que o Senhor faça crescer e transbordar o amor que vós tendes uns para com os outros e para com todos, a exemplo do nosso amor por vós. Que ele fortaleça o vosso coração para serem irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos.
Os mandamentos da Bíblia não vêm simplesmente das autoridades religiosas, mas sim da autoridade de Deus, de Jesus. 
Os mandamentos que Deus colocou na Sua palavra não são simplesmente proibições arbitrárias para ter um pretexto para nos condenar, mas algo com o propósito de nos ensinar a viver, de colocar o nosso coração mais perto do coração de Deus (Mt 19:16-17;Lc 18:18-20;Mc 10:17-19;Dt 11:8-9). E cumprir a Lei de Deus tem poder! Nenhum mero homem consegue cumprir toda a Lei, no entanto o Messias, Jesus Cristo, fê-lo e dá-nos todos os benefícios que isso mesmo trás. Para além disso o Espírito Santo que vive em nós permite-nos vencer o pecado e seguir a Lei de Deus, ficando assim mais próximos de'Ele. Embora a Lei por si não dê a vida e Salvação, que vem de Jesus Cristo e pela Fé, a Lei é muito importante porque ajuda a moldar os nossos corações.
Mas porque é que nós é que sabemos quais são estas leis? Não será arrogante afirmar que temos as leis absolutas da moralidade e do bem? Seria arrogante se pregássemos estas leis pela nossa própria autoridade, no entanto nem os apóstolos se atreviam a fazer tal coisa, como lemos, não é pela autoridade do Papa, nem do pastor, nem do padre, nem do bispo, nem do ancião, mas sim do Senhor Jesus.

Evangelho - Lc 21:25-36
Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações estarão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação do mar. Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados. Então se verá o Filho do homem vindo numa nuvem com poder e grande glória. Quando começarem a acontecer estas coisas, levantem-se e ergam a cabeça, porque estará próxima a redenção de vocês. Ele lhes contou esta parábola: Observem a figueira e todas as árvores. Quando elas brotam, vocês mesmos percebem e sabem que o verão está próximo. Assim também, quando virem estas coisas acontecendo, saibam que o Reino de Deus está próximo. Eu asseguro a vocês que não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam. Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão. Tenham cuidado, para não sobrecarregar o coração de vocês de libertinagem, bebedeira e ansiedades da vida, e aquele dia venha sobre vocês inesperadamente. Porque ele virá sobre todos os que vivem na face de toda a terra. Estejam sempre atentos e orem para que vocês possam escapar de tudo o que está para acontecer e estar em pé diante do Filho do homem.
Aqui vemos que todos devemos estar vigilantes, não devemos "desleixar-nos na Fé". Se um atleta deixar de treinar o seu corpo, ao longo do tempo ele perderá capacidades e quando chegar a hora da prova irá falhar. Assim é com o nosso espírito: se deixarmos de ler a palavra de Deus, de rezar, de confessar os nossos pecados e de praticar o bem, o nosso espírito começa a ficar doente e o pecado começa a entrar de novo na nossa vida. Jesus é claro nesta passagem que todos nós, crentes e não crentes devemos estar vigilantes para que possamos estar "em pé diante do Filho do Homem". No entanto não devemos temer este dia, pois se estamos com Jesus, este é o dia da nossa redenção, o dia em que o nosso melhor amigo vem para ficar connosco para sempre.
Esta passagem tem, no entanto, algo que também devemos observar, o que quis Jesus dizer com: "Eu asseguro a vocês que não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam."? Não pretendo nesta publicação resolver completamente este problema, que parece fazer de Jesus um falso profeta ao afirmar que o mundo ia acabar antes do ano 70 d.C.. Vou apenas apresentar algumas possíveis interpretações desta passagem:


  • Preterista: todos estes acontecimentos ocorreram na destruição do tempo em 70 d.C. (40 anos é uma geração, sendo que Jesus pregou entre 30 e 33, a sua profecia estaria correta). A linguagem é uma metáfora para este grande evento catastrófico. 
  • Geração do Futuro: A geração de que Jesus fala nesta passagem não é a geração das pessoas com quem ele está a falar naquele momento, mas sim a geração que experienciará todos aqueles sinais, ou seja, quando os sinais do fim começarem, o fim estará muito próximo.
  • Geração dos Judeus: A palavra geração, do grego γενεα (genea), também pode significar família ou raça. Logo o que Jesus pode estar aqui a dizer é que a raça dos judeus não se vai extinguir até ao fim dos tempos. Embora tenha estado perto de acontecer, a raça dos Judeus ainda existe nos dias de hoje, e portanto a profecia de Jesus ainda não foi falsificada. Ler mais aqui.


Pode consultar a abordagem de William Lane Craig aqui.


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