terça-feira, 25 de agosto de 2015

23 de Agosto - Chamados ao Compromisso

O tema desta semana é o compromisso: Deus não deseja Cristãos “nominais”, ou seja, que apenas se auto-intitulam Cristãos mas não o seguem, nem deseja um acordo só de palavras mas sem acções. Deus quer um verdadeiro compromisso, mas que tal seja possível, dá também ao Homem a liberdade de o assumir ou não.

Primeira Leitura - Js 24:1-2; 17:15-18

Começamos com uma leitura do livro de Josué, o sucessor de Moisés, já depois do Senhor ter libertado os Filhos de Israel do domínio do Faraó. Após Josué apresentar ao povo de Israel a escolha que Deus lhes oferece (tal como em outros locais da Bíblia como Dt 30:15), o povo apresenta a libertação da escravatura como sendo a razão porque escolhem o Senhor, no entanto rapidamente se apercebemos que muitos deles foram como aquele filho que disse ao seu pai que ia trabalhar para a sua vinha, mas não foi (Mt 21:28-32). É verdade que a libertação da escravidão foi um grande trabalho de Deus, e que foram realizados grandes milagres, mas Jesus liberta-nos da escravidão espiritual e de Satanás, algo muito mais severo que a escravidão do Faraó. Podemos viver como escravos no Egipto toda a nossa vida, mas livres do pecado espera-nos Deus e a vida eterna, mas se vivermos livres do Faraó e sem Deus mas apenas com os nossos pecados, então o que nos espera é precisamente isso: uma eternidade sem Deus e a sós com os nossos pecados, e a consciência de quão eles foram graves perante o Juiz do Mundo. Muitas vezes damos mais valor a coisas terrenas, mas lembre-mo-nos das palavras de Jesus: “Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?”. Que hoje sejamos como Josué e escolhamos servir o Senhor, e que saibamos que a Salvação de Jesus ainda foi maior que a de Moisés.

Salmo -  Sl 34

No Salmo podemos observar que o Senhor é fiel aqueles que em si procuram refúgio (v. 22), e portanto podemos estar sempre seguros nele, por muito grandes que sejam os nosso pecados (Is 1:18). Mais uma vez vemos que aquele que escolhe não estar em comunhão com Deus (o que só é possível com um compromisso), esse terá de lidar com os seus próprios pecados.

Segunda Leitura - Ef 5:21-32

Sendo que já dediquei dois artigos ao feminismo (que pode ler aqui e aqui), gostaria de apenas brevemente referir que este texto não deve ser considerado misógino: Deus apenas idealiza que exista na família um líder, e escolheu que deve ser o homem. No entanto esta liderança não é opressiva para a mulher e não faz o homem superior à mulher, dá sim ao homem mais responsabilidade. É muito interessante também ver como o apóstolo compara o compromisso do aliança que é o casamento com o compromisso da aliança que é a fé, e tal pode ser sumariado no lema da aliança: “eu sou teu e tu és meu”. Pode ler mais sobre as alianças de Deus e a sua relação com o casamento aqui.

Evangelho - Jo 6:60-69

É preciso compreender a razão pela qual os judeus se escandalizavam com Jesus: de acordo com a lei de Moisés (que é também a palavra de Deus), os judeus não podem beber sangue (Lv 17:10-11), mas Jesus diz-lhes que eles têm de beber o seu sangue e comer a sua carne para terem a vida eterna. Podemos entender o beber o sangue de Jesus como uma metáfora para uma comunhão forte com Ele, no entanto os patriarcas da Igreja também afirmavam que no pão e no vinho o Senhor estava realmente presente, e que ali tínhamos a sua carne e o seu sangue (pode encontrar algumas dessas citações neste link), no entanto é verdade que noutras ocasiões estes também recorriam à interpretação metafórica em certas passagens. Penso que o que devemos aprender é que o compromisso com Jesus é realmente importante, e que a Seia do Senhor foi uma das maneiras que Jesus escolheu para estarmos em maior comunhão com Ele, não a podendo menosprezar qualquer que seja a nossa Teologia.
Vemos que Jesus também faz uma observação que pode deixar os mais atentos um pouco perplexos: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”, o que poderia significar que Deus não tinha concedido àqueles judeus se converterem por razões exteriores a si mesmos. Alguns Cristãos tomaram esta posição ou semelhantes, sendo o exemplo mais notável Calvino. Não tomando eu essa posição, gostaria de lembrar a todos que sem a graça de Deus é impossível ao homem chegar a Ele. A questão é: porque é que a estes judeus não foi permitido pelo Pai chegarem ao Filho? Penso que foi precisamente porque estes tinham dado ao Pai um compromisso de palavras mas que o seu coração estava longe (Mt 15:8), eles tinham escolhido endurecer o seu coração e resistir ao Espírito (Is 65:2; Act 7:51).
Talvez para nós beber o sangue de Jesus não seja duro de ouvir, mas e quando Jesus trouxer palavras duras um dia para nós? Quando nos alertar dos nosso pecados, quando nos pedir para o afirmarmos frente a multidões hostis, ou talvez quando denunciar a nossa imoralidade sexual ou ganância? Lembre-mo-nos que um pai disciplina aqueles que ama (Pr3:12). E se muitos forem embora e Jesus perguntar: “Vós também vos quereis ir embora?”, que nós não nos fiquemos por responder “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.", pois Jesus não é de louvar apenas porque não há outro, Ele é de louvar porque não poderia haver outro melhor, pois é impossível ser mais Santo que o Santo de Deus.








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