Ao escrever um artigo sobre o argumento teleológico, penso que é minha obrigação explicar o que quero dizer com tal termo. Podemos dizer que a teleologia é o estudo das finalidades, do grego τέλος (télos). O argumento teleológico basicamente pretende demonstrar que o Universo foi desenhado para a existência de vida, ou seja, era este o seu fim.
É um facto científico de que para que a vida possa existir é necessário que certas quantidades e constantes da natureza se apresentem num balanço extremamente preciso, a isto chamamos "fino timbre", em inglês "fine-tuning". Isto não é apenas uma teoria remota que os teólogos trouxeram, mas é confirmada pelos mais avançados estudos na área da física, como diz o prestigiado físico Paul Davies:
"Existe agora um acordo geral entre físicos e cosmologistas de que o Universo está em vários aspectos "bem afinado" para a [existência de] vida." - Davies (2003). "How bio-friendly is the universe".
E claro, provavelmente o mais famoso físico do mundo, Stephen Hawking diz:
"As leis da natureza, como as conhecemos presentemente, contêm muitos números fundamentais, como valor da carga eléctrica do electrão e a razão entre as massas do protão e do electrão... O facto notável é que os valores destes números parecem ter sido finamente ajustados para fazer possível o desenvolvimento de vida." - Stephen Hawking, 1988. A Brief History of Time,Bantam Book, p125
"As leis da natureza, como as conhecemos presentemente, contêm muitos números fundamentais, como valor da carga eléctrica do electrão e a razão entre as massas do protão e do electrão... O facto notável é que os valores destes números parecem ter sido finamente ajustados para fazer possível o desenvolvimento de vida." - Stephen Hawking, 1988. A Brief History of Time,Bantam Book, p125
O grande desacordo entre ateus e teístas não é a a existência ou não do chamado fino timbre na natureza, mas sim a explicação desse fenómeno.
Que explicação poderá existir então? Talvez os que observamos sejam os únicos compatíveis com as leis da natureza, e portanto os valores são os observados por necessidade física. Se tal não for verdade então ou as constantes são estas por um processo aleatório, ou foram determinadas por um algum agente. Podemos então enunciar a seguinte premissa:
1. O timbre fino do Universo é devido a necessidade física, acaso, ou design.
Consideremos a primeira possibilidade: necessidade física. Note-se que esta possibilidade é muito implausível sendo que as constantes e quantidades de que falamos são independentes das leis da natureza que conhecemos hoje. A nossa melhor teoria neste momento, a teoria M ou de super-cordas prevê que existem certa de 10500 "universos possíveis" consistentes com as nossas leis da física actuais, o que mostra que as constantes actuais não são as únicas compatíveis com as leis da natureza, logo necessidade física é uma alternativa implausível.
E em relação à segunda possibilidade, o que podemos dizer? Será razoável supor que tivemos realmente muita, muita sorte? Que por mero acaso as constantes e quantidades são as que vemos? A resposta é não assim que considerarmos as probabilidades ínfimas que estamos a considerar. Para ter apenas uma ideia, note-se que o número de segundos que passou desde o início do Universo é cerca de 1020 e o número de células no nosso corpo é 1014. Com estes números em mente considere-se o seguinte:
Se alterássemos a constante cosmológica em 1 parte em 10120 partes, o Universo ir-se-ia espalhar de forma demasiado rápida ou demasiado lenta, e a vida seria impossível. Mas se este número (1 seguido de 120 zeros) não é suficientemente monstruoso, considere o seguinte: se alterássemos a distribuição da massa e da energia do Universo em uma parte em 10^10123 partes, mais uma vez não haveria vida. Este último número mostra uma probabilidade (muitos) biliões de vezes inferior à de um macaco escrevendo ao acaso num computador, reproduzir o Hamlet, de Shakespeare, à primeira tentativa (cerca de 1 em 4.4 × 10360,783). É óbvio então que o acaso é uma explicação extraordinariamente implausível.
Consideremos a primeira possibilidade: necessidade física. Note-se que esta possibilidade é muito implausível sendo que as constantes e quantidades de que falamos são independentes das leis da natureza que conhecemos hoje. A nossa melhor teoria neste momento, a teoria M ou de super-cordas prevê que existem certa de 10500 "universos possíveis" consistentes com as nossas leis da física actuais, o que mostra que as constantes actuais não são as únicas compatíveis com as leis da natureza, logo necessidade física é uma alternativa implausível.
E em relação à segunda possibilidade, o que podemos dizer? Será razoável supor que tivemos realmente muita, muita sorte? Que por mero acaso as constantes e quantidades são as que vemos? A resposta é não assim que considerarmos as probabilidades ínfimas que estamos a considerar. Para ter apenas uma ideia, note-se que o número de segundos que passou desde o início do Universo é cerca de 1020 e o número de células no nosso corpo é 1014. Com estes números em mente considere-se o seguinte:
Se alterássemos a constante cosmológica em 1 parte em 10120 partes, o Universo ir-se-ia espalhar de forma demasiado rápida ou demasiado lenta, e a vida seria impossível. Mas se este número (1 seguido de 120 zeros) não é suficientemente monstruoso, considere o seguinte: se alterássemos a distribuição da massa e da energia do Universo em uma parte em 10^10123 partes, mais uma vez não haveria vida. Este último número mostra uma probabilidade (muitos) biliões de vezes inferior à de um macaco escrevendo ao acaso num computador, reproduzir o Hamlet, de Shakespeare, à primeira tentativa (cerca de 1 em 4.4 × 10360,783). É óbvio então que o acaso é uma explicação extraordinariamente implausível.
Chegamos à segunda premissa do argumento:
2. O fino timbre do Universo não se deve nem a necessidade física nem ao acaso.
E portanto a conclusão segue trivialmente: O fino timbre do Universo deve-se a design, havendo portanto um designer, a que chamamos Deus.