segunda-feira, 31 de março de 2014

Porque e como devemos espalhar o Cristianismo?

Portugal é considerado um país Cristão, mas na realidade poucos são os verdadeiros Cristãos no nosso país. Como Cristãos devemos mudar isso, porquê? Bem, Jesus responde a esta questão: 

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” – Mateus 28:19-20

Jesus ordenou-nos que espalhemos  a Sua mensagem, e prometeu ajudar-nos, pode alguém Cristão ignorar tal ordem? Obviamente que não.

Mas a pergunta agora surge: como chegamos aos nosso irmãos não Cristãos? No nosso mundo ocidental a religião é um tabu e pouca gente gosta de falar dela: “eu tenho a minha verdade e tu tens a tua” – uma frase pós-modernista comum mas sem grande substância (poderá encontrar críticas ao pós modernismo neste blogue). Podemos dividir a população em três classes:
  • Teísta: O Teísta é alguém que acredita na existência de um deus pessoal. Os Deístas defendem que este deus pessoal criou o mundo mas não comunica com ele, podendo ou não ter deixado de ser pessoal quando criou o mundo.
  • Agnóstico: É aquele que não acredita nem descrê na existência de Deus, alguns deles acreditam mesmo que o ser Humano é demasiado limitado para poder sequer responder à questão.
  • Ateu: Ateu é alguém que acredita que Deus não existe.

O sermão de Padre António Vieira aos peixes lembra-nos que nem sempre seremos ouvidos

Se quisermos conversar com alguém sobre religião, devemos primeiro compreender qual é a sua posição. Eu diria ainda que existem dois tipos de não crentes: os interessados e os não interessados.
  • Os interessados são normalmente mais inteligentes e possuem uma certa forma de argumento contra a existência de Deus, devemos tentar então mostrar-lhes que existem razões para Deus existir e procurar responder às suas objecções. Embora seja mais difícil “vence-los” num debate, são mais fáceis de alcançar pois eles ao menos ouvem aquilo que você tem para dizer e (alguns) estão abertos à possibilidade de estarem errados.
  • Os não interessados são a esmagadora maioria dos não crentes. Não acreditam em Deus muitas vezes por motivos sociais ou porque pensam que seriam irracionais ou fazê-lo (sem qualquer argumento para tal), e muitas das vezes ignoram aquilo que você tem para lhes dizer. Eu não sou psicólogo e não sei realmente qual é a melhor maneira de os alcançar, mas como muitas vezes eles se vão tentar mostrar superiores e intelectuais, pressione-os para levar a discussão para o campo científico e filosófico e utilize os argumentos que encontrará neste blogue para refutar o que o seu amigo não crente tiver a dizer (não será, em princípio difícil com este tipo de não crentes), de preferência se outras pessoas indecisas ou indiferentes estiverem a ouvir a conversa, desta forma poderá mostrar a eloquência do Cristianismo e talvez trazer nem que seja só mais um para o rebanho do Senhor.


Lembre-se no entanto, que o seu objectivo não é ganhar um debate ou mostra-se superior, mas, por amor ao seu irmão, libertá-lo de barreiras psicológicas ou intelectuais que impedem de considerar o Cristianismo como uma opção viável, o Espírito Santo fará o resto.

Conceitos filosóficos úteis

Muitas vezes neste blogue vai encontrar argumentos para a existência de Deus e também análises Filosóficas/Teológicas em que vamos invocar certos princípios e utilizar certos termos filosóficos. Não se preocupe, não são demasiado técnicos, e nesta página vai ser dada a explicação/definição de muitos eles.

Conceitos Modais

A lógica modal estuda o conceito do possível e do necessário, embora envolva conceitos simples tem um enorme poder, como se verá em alguns dos artigos apresentados neste blogue.

  • Mundo possível – Uma descrição completa de uma maneira que a realidade poderia ter sido.  Dizer que algo é possível é equivalente a dizer que é verdade num certo mundo possível
  • Necessidade – Algo é necessariamente verdade se e somente se é verdade em todos os mundos possíveis, ou seja, a sua negação é impossível.  Em particular, algo existe necessariamente se e somente  se existe em todos os mundos possíveis. Muitos filósofos pensam que números ou proposições existem desta forma.
  • Contingência – Algo é contingente se e somente se não é necessário, em particular um ser é contingente se e somente se poderia não ter existido (ou seja, não existe num certo mundo possível).

Alvin Platinga, autor do livro "The Nature of Necessity", que elabora os conceitos modais em grande detalhe

Princípios Heurísticos

Embora não sejam princípios metafísicos são linhas de guia quando tentamos inferir explicações.
  • Navalha de Occam – Este princípio diz-nos que não devemos postular entidades para além da necessidade. Nas palavras de Occam: "Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a melhor", basicamente o princípio recomenda que se escolha a teoria explicativa que implique o menor número de premissas assumidas e o menor número de entidades.

Conceitos de Liberdade

Existem basicamente dois conceitos de liberdade, especialmente na maneira de como se relaciona com o determinismo (o agente está determinado a agir de uma certa forma por factores exteriores a ele).
  • Libertarismo: Liberdade e determinismo são logicamente inconsistentes.
  • Compatibalismo: Liberdade e determinismo são compatíveis.


sexta-feira, 28 de março de 2014

O argumento Cosmológico

Um dos mais poderosos argumentos para a existência de Deus é o chamado argumento cosmológico. Podemos dizer que existem dois tipos de argumentos cosmológicos: o argumento Kalam (baseado no princípio do Universo) e o argumento da contingência. É sobre o segundo que cai hoje a nossa atenção, e na minha opinião, de ambos é claramente também o mais poderoso.
Primeiro comecemos por definir alguns conceitos chave: contingente e necessário. Dizemos que um ser/entidade é contingente se é possível que esse ser não existisse, praticamente tudo o que conhecemos existe desta maneira: pessoas, montanhas, animais, etc. são exemplos de seres que poderiam certamente não ter existido (a sua não existência é logicamente possível). Dizemos, na linguagem de mundos possíveis (maneiras que a realidade poderia ter sido), que x é contingente se e somente se existe um mundo possível onde x não existe e x existe no mundo real. Um ser que não seja contingente (existe em todos os mundos possíveis) é necessário. Para aqueles que consideram que objectos matemáticos como números e conjuntos existem, é considerado que tais objectos existem desta maneira.
O filósofo e matemático Leibnitz, postulou um princípio chamado princípio da razão suficiente, que embora na sua forma original seja demasiado forte, uma versão enfraquecida é tudo o que precisamos:

(PRS) Todo o ser que existe tem uma explicação para a sua existência: na necessidade da sua própria natureza, ou numa entidade externa. 


Gottfried Wilhelm Leibniz, criador do cálculo diferencial, filósofo Cristão e defensor do argumento Cosmológico

Este princípio parece obviamente verdadeiro, na realidade toda a ciência se baseia nele, pois na ciência o que tentamos sempre fazer é, quando deparados com a existência de algo, explicar qual foi a sua causa. Imagine só a seguinte caricata situação: dois cientistas fazem experiências num laboratório, e um deles detecta a presença de uma certa bactéria no substrato que estão a analisar, quando questiona o seu colega sobre a explicação para a existência de tal bactéria, o seu colega apenas lhe responde: "não te preocupes, existe inexplicavelmente!". A negação deste princípio destruiria o método científico e parece também metafisicamente absurda, pelo que devemos aceitar este princípio como consideravelmente mais plausível que a sua negação.

Se um ser existe de forma contingente, então a explicação para a sua existência não pode residir na sua própria natureza, pois tal implicaria que este mesmo ser seria necessariamente existente, tal como números ou outros objectos abstractos, que pela sua própria definição se pode inferir que a sua não existência leva a cenários metafisicamente absurdos. Destas considerações nasce a premissa 1 do nosso argumento, que se formula da seguinte forma:

1. Todo o ser contingente que existe, tem uma explicação externa para a sua existência.
2. O Universo existe e é contingente.
Conclusão: O Universo tem uma explicação externa para a sua existência.

É óbvio que o Universo existe, e já vimos no início desta discussão a razão pela qual a realidade física é contingente. Este facto é mesmo comprovado pela física moderna, que nos indica que poderíamos ter tido outro Universo com características completamente diferentes, e mesmo a ausência de espaço e tempo. 

Chegando à conclusão de que o Universo tem uma explicação externa para a sua existência (pois nada dependente do Universo poderia causar a existência do Universo), podemos inferir as seguintes propriedades da entidade que explica o Universo:

  • É atemporal, pois a dimensão do tempo depende do Universo para a sua existência.
  • É não espacial, pois a dimensão do espaço depende do Universo para a sua existência.
  • É imaterial, pois toda a matéria necessariamente existe dentro do espaço.É poderosa, pois causou o Universo.
  • Existe necessariamente, pois se for contingente também ela exige uma causa, e o processo continua ad infinitum, então princípios como a Navalha de Occams e a absurdidade de infinitos reais tornam essa opção não viável.
Finalmente podemos inferir que é um agente pessoal. Em primeiro lugar, se a causa para o Universo é apenas um conjunto de condições suficientes para a existência do Universo, o Universo teria de existir sempre que a causa existe, mas a causa existe necessariamente, o que significa que o Universo existiria também ele necessariamente, o que contradiz a premissa 2, percebemos assim que a causa é um agente com livre-arbítrio, que pode ou não criar o Universo. Em segundo lugar, dadas as quatro propriedades acima da causa, apenas nos restam entidades como objectos abstractos como números e mentes, mas objectos abstractos não podem causar nada (isso faz parte da definição de ser abstracto), pelo que apenas restam mentes como o único candidato. 

Podemos então, como base no que foi dito, concluir que existe uma mente atemporal, não espacial, imaterial, necessariamente existente, que criou o Universo, a esta mente chamamos simplesmente, Deus.



quinta-feira, 27 de março de 2014

O estado do nosso país - porque nos devemos preocupar

Embora Portugal seja considerado por muitos um país Católico (e por conseguinte Cristão), penso que o nosso país (e a Europa em geral) enfrenta um grave problema que a nossa Igreja (Católica ou Protestante) tem de resolver.

O problema é exterior e interior: no exterior temos a nossa sociedade cada vez mais secularizada, em que falar de religião é quase um tabu e cada vez mais se olha para a religião como uma ideia do passado, apenas apropriada para as “velhotas analfabetas das aldeias do interior”. Os nossos jovens cada vez mais desprezam a religião, alegando muitas vezes razões intelectuais, mas no entanto, depois de serem questionados, poucos são os que têm algum conhecimento teológico e filosófico nestas matérias, e a verdadeira razão da sua rejeição da religião é puramente emocional. 

A pressão de grupos na juventude para o consumo de drogas, álcool e sexo é enorme, portanto a ideia de ter de obedecer a regras morais seria desastrosa pois poderia levar à rejeição do grupo. As ideias individualistas da nossa sociedade também são hostis à ideia Cristã de confiar completamente na rectidão de outrem (Jesus Cristo), para a nossa Salvação poder chegar. Basicamente o primeiro passo para ser Cristão é admitir que se é um pecador (tal como o primeiro passo para ir ao médico é admitir que se está doente), mas para tal é preciso um certo sentido de humildade e abdicação do orgulho, a que a nossa sociedade de hoje por vezes se opõe.

O problema cresce quando percebemos que nas nossas escolas e Universidades a acção de organizações religiosas é inexistente! É preciso mostrar aos nossos estudantes que a fé não é um tabu, e que é na realidade um assunto muito importante com enormes consequências na vida de cada um (eu diria mesmo que a questão Deus é a mais importante na vida de um ser humano). O mito de que a Ciência tornou a fé obsoleta precisa de ser exposto, sendo que muita gente acredita, sem qualquer evidência, nessa mesma asserção, e isso torna-se uma das causas da sua rejeição da fé. É preciso mostrarmos aos nossos estudantes as grandes riquezas e vantagens intelectuais e morais de uma filosofia de vida Cristã.


A perda de valores na nossa sociedade

Mas os problemas também acontecem mesmo dentro da Igreja, e muitas vezes pelas mesmas razões acima. Muitos dos nossos chamados Cristãos sabem pouco sobre a Bíblia, frequentam a Igreja muito raramente e têm medo de afirmar a sua fé em público. A Igreja torna-se apenas uma Instituição pública que oferece serviços como o casamento ou o baptismo: a chamada igreja de mercearia. Toda a teologia por detrás dos mesmos é esquecida, e as palavras proferidas nos juramentos feitos na hora dos mesmos são muitas vezes vazias e sem intenção. 

Mesmo entre aqueles que têm uma fé genuína, o conhecimento Teológico é fraco, pois há uma falta de atitude de entre os responsáveis para catequizar os fiéis, e entre os fiéis muitas vezes um comodismo intelectual e um dogmatismo não justificado sobre certas doutrinas.

Após esta reflexão, compreendemos que o nosso país na realidade é um país secular, em que muitos dos Cristãos são uma espécie de falsos cristãos, e que o conhecimento Teológico é muito baixo. 

Peço a todos os Cristãos que lêem este artigo, que se lembrem das palavras de Jesus e compreendam que somos uma religião missionária e não nos podemos esconder, pois a Salvação de muitos pode estar em jogo. Àqueles que não são Cristãos, peço que se informem sobre o Cristianismo de modo a que a vossa rejeição do mesmo seja informada e não baseada em sloganes ateístas e razões socioculturais. 

Tentarei fazer a minha parte neste blogue, mostrando os argumentos para a existência de Deus, e particularmente do Cristianismo. Tentarei analisar os argumentos contra o Cristianismo, e também mostrarei os grandes problemas que uma visão naturalista/ateísta do mundo carrega.