segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Cristo e os Cristãos - As estatísticas sobre o nosso Portugal (não) Cristão

Neste artigo, escrito anteriormente, analisei o problema da hipocrisia religiosa, falei do facto de que não é um problema apenas hoje mas também era nos dias de Jesus, e Ele falou bastante sobre este assunto. Eu diria que todas as pessoas que viveram até hoje, Jesus foi talvez quem mais se indignou e tentou corrigir este grande problema.

Mas agora pensemos numa outra questão. Diz-se que Portugal é Cristão, mas será mesmo? Muitos podem dizer que certamente não é em acções, dada a quantidade de corrupção, promiscuidade, consumismo e imoralidade que vemos. Mas certamente é em credo... ou talvez não? Trago hoje alguns estudos feitos sobre as crenças e hábitos religiosos dos Portugueses. Se perguntarmos directamente à maioria da população, se são religiosos, estes são os dados:

Religião
1999
2011
Católicos
86,9%
79,5%
Protestantes/evangélicos
0,3%
2,8%
Testemunhas de Jeová
1%
1,5%
Outros Cristãos
1,5%
1,6%
Religiões não Cristãs
0,2%
0,8%
Sem religião
8,2%
14,2%

Primeiro repare-se como a população Cristã está a descer, mas depois devemos perguntar-nos quantas destas pessoas que responderam sim realmente acreditam no que dizem... É importante também lembrar que muitos dos que escolhem Católico como a sua Fé muitas vezes não acreditam em muitas doutrinas essenciais do Cristianismo (e diria que menos de 1% acredita nas doutrinas Católicas, que são uma longa lista de complicados postulados que vão de indulgências à infalibilidade papal). Olhemos agora para os jovens e vejamos o que eles dizem sobre Deus:



É importante compreender que para um Cristão, Deus é efectivamente pessoal, porque encarnou na pessoa de Jesus, tem capacidade para responder a orações, e sentimentos, como amor ou fúria... Portanto concluímos que, peo menos em credo, não mais do que 12.8% dos jovens são Cristãos. Repare-se como a resposta mais popular é também talvez a mais vaga. Mas agora olhemos a terrível inconsistência dos nossos jovens:


Aparentemente 34.6% dos inquiridos acredita no Céu enquanto que menos de metade acredita no inferno... Como é isto possível se a Bíblia ensina ambos em paralelo? Ainda é mais de pasmar que há mais gente a acreditar no Céu do que na vida depois da morte... 
No entanto, quase 60% dos inquiridos acredita na sorte e quase 30 em superstições, algo para o qual existe zero evidência e zero suporte Bíblico.
O mais preocupante também é que apenas 18.4% acredita na Ressurreição, que é basicamente a doutrina mais essencial do mundo para se ser Cristão. A graça divina, que foi afirmada ao longo da história da Igreja, tanto Católica (Agostinho, Concílio de Orange) como Protestante (Lutero, Calvino, J. Edwards, Arminius, Wesley, etc) e que é o meio pelo qual Deus atrai o Homem para si recebe apenas 24% de votos a favor...
Basta fazer uma pequena estatística para compreender que a maioria dos nossos jovens não é Cristão, e que os Cristãos têm responsabilidade nisto, pois parece que não estamos a ensinar bem os nosso filhos, pois muitos parecem não compreender as consequências das doutrinas que defendem.
Portanto meus amigos, Portugal não é um país Cristão, e olhando para os nossos jovens parece que no futuro vai ser ainda menos... Portanto irmãos Cristãos, chorem e brilhem, sejam o sal da terra, para que amanhã sejamos melhores! Se calhar o meu caro amigo que não é Cristão está neste momento a perguntar-se: “mas porque um Portugal Cristão é melhor? Porque devo chorar por Portugal não ser Cristão? Não é uma sociedade não religiosa uma sociedade de liberdade, igualdade e mais racional?”. A resposta é não, em relação à parte racional aconselho-o a considerar a secção deste blogue intitulada Fé e Razão; em relação à liberdade e igualdade e à sociedade em si, vou mostrar no próximo artigo como seria um Portugal realmente Cristão, e aí você vai ter vontade de trabalhar comigo por esse sonho.






domingo, 25 de janeiro de 2015

Cristo e os Cristãos - Jesus e os Hipócritas

Ghandi disse “Eu gosto do vosso Cristo, eu não gosto dos vossos Cristãos. Os vossos Cristãos são tão diferentes do vosso Cristo.”. Numa série de artigos, pretendo responder a uma objecção comummente levantada por não-Cristãos muitas vezes vindos do Oriente (normalmente muçulmanos), mas por vezes também por ateus/agnósticos Ocidentais:
Será de esperar que aqueles que estão mais próximos de Deus, que recebem o Seu Espírito e têm uma relação de comunhão com Ele se assemelhem a Ele mais do que os pagãos que supostamente estão longe de Deus. Porquê então é que vemos tanta imoralidade nos chamados países Cristãos? Porque vemos tanta ganância, tanta inveja, tanta luxúria, tanta hipocrisia? Se a nossa sociedade é realmente Cristã, se o Deus que existe é o Deus do Cristianismo, que é Amor (1 Jo 4:8), porque razão a nossa sociedade tem tanta injustiça? Os muçulmanos vindos do Oriente, que aceitam (alguns) valores morais que o Cristianismo também aceita, ficam escandalizados ao ver que na nossa sociedade Ocidental vivemos duma maneira bem diferente do que está na Bíblia e nos nossos credos. O agnóstico comum pode ouvir os ensinamentos de Jesus e ver uma grande mensagem de amor e rectidão, no entanto olha para as pessoas que saem da Igreja e apercebe-se que nem uma moeda ao mendigo na rua foram capazes de dar... Basicamente tanto o muçulmano como o ateu concluem que ou os Cristãos são todos uns grandes hipócritas e portanto não querem fazer parte de uma comunidade tão corrupta, ou então que o seu Deus não é assim tão bom e grande como pregam, pois as suas acções não o reflectem.
Se você é um daqueles que faz esta crítica, a primeira coisa que lhe quero dizer é que não está sozinho, pois há 2000 anos viveu um homem que fez a mesma crítica que está a fazer, e talvez ficará surpreendido se lhe disser que o seu nome era... Jesus Cristo! Jesus não veio ao mundo duma maneira fria e distante, Ele realmente envolvia-se nos problemas das pessoas e resolvia-os sempre que ajuda lhe era pedida. Mas Jesus não era simplesmente um “hippie” como algumas pessoas hoje querem fazer parecer, ele criticava e chamava atenção de quem estava em erro, avisando dos perigos desse erro e como voltar para o caminho certo. Um dos problemas que Jesus enfrentava com mais frequência era precisamente a hipocrisia dos líderes religiosos, como se pode observar na seguinte passagem:

“Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los;
E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi [que quer dizer mestre].” – Mt 23:1-7

Jesus condena os fariseus porque eles, embora preguem a Lei de Moisés (que era a Lei que os Judeus eram comandados por Deus a seguir naquele tempo), não a praticavam, tal como se calhar muitos líderes religiosos hoje (não) fazem. Mas Jesus continua, e depois de uma longa lista de condenação dos comportamentos hipócritas dos fariseus, Jesus diz graficamente:

“Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade.” - Mt 23:33-34

E termina com uma das minhas passagens favoritas em toda a Bíblia, onde demonstra como está revoltado o seu coração com esta situação:

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta;
Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.” - Mt 23:37-39



Portanto meu amigo, você não está sozinho, Jesus concorda consigo em que a hipocrisia religiosa é um problema. Mas se você é um Cristão, lembre-se, você carrega em si o nome de Cristo, portanto deve viver como Cristo no máximo grau possível, e estes avisos feitos aos fariseus podem ser também para si. Pois Jesus disse: 

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” – Jo 13:35

“Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” – Jo 15:14

A citação seguinte é atribuída a algumas pessoas a S. Francisco de Assis, embora seja muito provável que ele nunca a tenha dito, no entanto fica a peça de sabedoria: “Pregue sempre o Evangelho, se necessário, use palavras.”. É óbvio que esta frase é uma hipérbole,mas a ideia é que os seus irmãos só pelo seu comportamento deveriam saber que você pelo menos não era “do mundo”, como Jesus tantas vezes diz, mas que é um seguidor de algo diferente (e melhor). E existem muito mais versos na Bíblia que suportam a ideia de que o verdadeiro Cristão é aquele que demonstra os seus actos a sua fé, como por exemplo:

Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.  Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano. E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demónios o crêem, e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? - Tg 2:13-20


Tiago deixa ficar bem claro que os Cristãos não são comandados por Deus a apenas “lançar bênçãos para o ar” e palavras bonitas e sábias, mas também a tomar acção, pois Jesus também disse  que “por seus frutos os conhecereis.” (Mt 7:16).  Mera crença e fé morta não adiantam de nada ao ser humano, pois até os demónios acreditam mas não são “amigos de Deus”, pois desobedecem. Em certo sentido, o pecado do crente é maior do que o do não crente, pois nós, os crentes temos a verdade, e alguns dos não crentes não têm, por isso é que Jesus diz:

“A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido.” – Lc 12:48

Jesus também reflecte esta realidade de que somos comandados para ser bons  para com os outros e não hipócritas na parábola das ovelhas e das cabras (Mt 25:31-46).

É importante compreender uma coisa essencial, e foi por isso que coloquei aqui tantas passagens da Bíblia: o verdadeiro Jesus não é dado a conhecer pelos testemunhos dos pastores, padres, papas, crentes ou não-crentes, Ele começa a ser conhecido ao ler a Bíblia e depois através do testemunho do Espírito Santo, que está hoje no mundo. Portanto se você quer investigar o Cristianismo não comece por olhar primariamente para os comportamentos de quem vai à igreja ao Domingo mas antes por olhar para os comportamentos de Jesus Cristo. E é claro depois de ler estas passagens que Ele realmente se preocupava e indignava com o facto de muita gente em palavras ser um discípulo mas não em acções.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Podemos confiar na Bíblia? - Argumentos Dedutivos

Considerámos neste artigo as razões pelas quais deveríamos confiar no facto de que o texto da Bíblia não foi substancialmente alterado e é na realidade o documento antigo mais bem preservado que temos. Mas devemos também considerar o último ponto, que talvez seja o mais importante: mesmo que tenhamos a certeza que todo o Novo Testamento é hoje exactamente como foi escrito, será isso suficiente para crer em certos acontecimentos, como Jesus nascer duma virgem, transformar água em vinho ou Ressuscitar? Alguns destes eventos mais centrais (nomeadamente a Ressurreição), podem, na minha opinião, ser estabelecidos apenas com base na evidência histórica.
No entato também sou o primeiro a admitir que há outros que não podem, como eventos que apenas estão relatados num Evangelho (por exemplo transformação da água em vinho está apenas no Evangelho segundo São João). Existe, no entanto, uma maneira de ter confiança na fiabilidade destes textos com base em outros argumentos, pois os argumentos para o Cristianismo, como o grande filósofo William Lane Craig diz, não devem ser tomados isolados mas como um todo (tradução feita por mim a partir do antepenúltimo parágrafo de http://www.reasonablefaith.org/defenders-2-podcast/transcript/s4-25#ixzz3LAN3C36Q):

“Nós não devemos olhar para os argumentos para  a existência de Deus como sendo ligações numa corrente simples, onde força da corrente é igual à das suas ligações mais fracas. Devemos antes olhar para os argumentos para a existência de Deus  como sendo ligações numa cota-de-malha, onde as ligações se reforçam umas às outras e a cota-de-malha não é tão fraca como a sua ligação mais fraca”







O quero dizer é que existem outros argumentos para a existência de Deus que suportam a crença na Bíblia. A “cota-de-malha” seria construída da seguinte maneira:
As ligações mais básicas seriam os argumentos teístas gerais (Cosmológico, Teleológico (design), Moral, etc), que funcionam tanto para o Cristianismo, Islão ou até mesmo Deísmo. Estes argumentos permitem chegar à conclusão que um certo deus existe.
Seguidamente partiríamos para argumentos que permitem mostrar que este deus realmente se revelou, pois Jesus realmente Ressuscitou (argumento histórico para a Ressurreição), e Ele opera milagres (argumento para os milagres) até mesmo até aos dias de hoje.
Agora que sabemos que Jesus realmente é a revelação deste tal deus que sabíamos existir, e Jesus realmente atesta em nome dos profetas de Israel, pela sua autoridade devemos concluir que na realidade este deus que sabíamos existir é o SENHOR, Deus de Israel, que tirou o seu povo da terra do Egipto com mão pesada, e que nos tempos de Cristo entrou na Criação para salvar o seu povo dos seus pecados, pagando Ele mesmo por eles (é caso para dizer, graças a Deus!).
Podemos olhar para o seguinte argumento dedutivo:
  • Se Deus existe e Ele é o Deus da Bíblia, então a Bíblia é fiável.
  • Deus existe e é o Deus da Bíblia (pelos argumentos acima enumerados)

Segue-se que a Bíblia é fiável. É importante realçar que embora os Cristãos defendam que a Bíblia é sem erro, existe alguma discórdia sobre o que é que isso exactamente quer dizer.
Para além disso, para o (ainda!) não crente a doutrina de que a Bíblia é sem erro não é um pré-requisito para a Fé, pois não é uma doutrina central, mas periférica.
Note-se que algumas das informações e ideias usadas neste artigo foram retiradas dos seguintes sites:

http://www.suaescolha.com/jesus/biblia/