sábado, 31 de maio de 2014

A mensagem do Evangelho

Muitos de nós somos Cristãos ou conhecemos a Fé Cristã, mas qual é a mensagem central do Cristianismo? Qual é a grande verdade que Deus nos revela por meio de Jesus Cristo por meio do Evangelho? Qual é a grande mensagem que é diferente de todas as outras religiões? Quem pode dizer que compreendeu o Evangelho? Neste artigo tentarei expor aquela que é, na minha opinião, a mensagem central do Evangelho e do Cristianismo, a que tudo o resto é subordinado.


  1. Deus cria perfeito - Como diz o livro dos Génesis: “No Início, Deus criou os Céus e a Terra” (Gn 1:1). Note-se que “os Céus e a Terra” é um idioma no hebraico que significaria o que entendemos hoje pela expressão “o Universo”, ou seja toda a realidade física. Também encontramos Deus como a fonte de toda a existência ao lermos no Evangelho: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” (Jo 1:3). Deus então cria o Homem à sua imagem e coloca o Homem nesta criação numa posição especial e abençoada (Gn 1:27-30). Esta criação era fundamentalmente boa (Gn 1:31).
  2. O Homem decide revolar-se contra Deus – Embora Deus tenha avisado o Homem de quais são as consequências do pecado e da rebelião (Gn 3:3), o Homem decide desobedecer (Gn 3:6), cedendo à tentação, para se tornar como Deus (Gn 3:5). Neste acto o Homem torna-se corrompido e o pecado toma conta do seu ser, tornando-se morto no pecado (Ef 2:1) e culpado perante Deus , como diz São Paulo: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23).
  3. Deus decide redimir o Homem – Num grande acto de misericórdia e amor, Deus decide ser Ele fazer o Sacrifico infinito que cada um de nós teria de fazer, mas que nunca conseguiríamos. Como diz São João: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigénito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”. Tomando o nosso pecado sobre Si mesmo, Deus esvaziou-se por nós (Fp 2:7), para nos redimir, como diz São Pedro: “Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados.” (I Pe 2:24)  e por isso São Paulo diz “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Rm 8:1). Como o próprio Jesus disse “Este é o cálice o meu sangue, que será derramado por vós e por todos, para remissão dos pecados”. Daí chamarmos a Jesus o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, fazendo clara referência aos sacrifícios do Antigo Testamento. Deus mostra que aceita este Sacrifico através da Ressurreição de Jesus Cristo, vindicando-o (At 2).
  4. Como receber a oferta de Deus? – Através da Fé o Homem é redimido em Jesus Cristo, depositando a nossa confiança n’Ele e acreditando na sua Ressurreição. O Apóstolo diz : “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.”(Rm 10:9), pois na mesma carta já nos tinha declarado: “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus”  (Rm 3:24-25) torna-se filho de Deus (Ef 1:5). A nossa Salvação só é possível graças à oferta livre de Deus e à sua graça (Ef 2:8).




Assim vemos a grande mensagem do Evangelho: Deus criou o Homem à sua imagem, o Homem desobedeceu a Deus e tornou-se corrompido pelo pecado. O único capaz de salvar o Homem do pecado é Deus, por isso Deus, no seu grande amor e misericórdia, torna-se Homem faz o Sacrifico em nosso nome, que nós não conseguiríamos fazer. Nós tomamos parte neste trabalho redentor através da Fé, e pela Graça de Deus então atingimos a Salvação, que é  a gratuita de Deus.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O argumento contra a Omnipotência

Certamente que muitos de nós já ouvimos versões deste argumento comum aos novatos na discussão da grande questão que é a existência de Deus. Eu mesmo fiquei sem resposta a primeira vez que tal argumento me foi apresentado por um colega na Universidade! No entanto após fazer uma pequena pesquisa percebi que o argumento era na realidade extremamente fraco e baseado numa grande confusão sobre o conceito de omnipotência.

Este argumento pretende provar que Deus não existe mostrando que existe uma contradição lógica no conceito de Deus, e é formulado da seguinte maneira:

  1. Se Deus existe, então Ele é omnipotente.
  2. Se Deus é omnipotente, então Ele pode criar uma pedra tão pesada que nem mesmo Ele a pode erguer.
  3. Se Deus criar tal pedra, então ele não poderá erguê-la, e portanto não será omnipotente.
  4. Deus não é omnipotente.
Conclusão: Deus não existe.

Para negarmos este argumento temos de disputar uma das premissas, e é exactamente isso que vamos fazer, disputando a premissa 2 e/ou 3, mas antes disso convém definir o que significa omnipotência, pois aí reside o problema deste argumento. 

É um consenso entre teólogos e leigos que Deus é omnipotente, mas o que é que isso significa exactamente? Uma maneira ingénua de definir omnipotência é "ter o poder de fazer literalmente tudo". O problema desta definição é que é incoerente e nem sequer é apoiada pela Bíblia, que afirma que Deus, por exemplo, não pode mentir (Tito 1:2). 
Absurdos lógicos como "criar um solteiro casado" ou criar um "quadrado circular" são simplesmente combinações de palavras sem sentido e a omnipotência de Deus não é comprometida por não poder fazer tais absurdos. A definição de omnipotência correcta é simplesmente "poder fazer tudo o que é logicamente possível (coerente)", ou seja, não existe nenhuma acção que Deus não possa fazer por não ter poder suficiente, mas que se fosse mais poderoso poderia fazer.
Note-se que o conceito de omnipotência é a representação do expoente máximo da propriedade "força" ou "poder", portanto é perfeitamente de esperar que a definição correcta para este termo seja precisamente a que dei acima (nenhuma acção lhe é impossível por falta de poder). 



Tal como C.S. Lewis escreveu:


“Não é limitativo do Seu poder. Se dissermos que Deus pode dar livre arbítrio a uma criatura, ao mesmo tempo que lho nega, não se conseguiu dizer nada acerca de Deus: um conjunto de palavras sem significado não passa a adquiri-lo apenas porque se juntou como prefixo «Deus consegue»


Cs Lewis -The Problem of Pain

   Se a premissa 2 for falsa, então o argumento cai por terra. Mas se admitirmos que a premissa 2 é verdadeira (por uma questão de argumentação), então segue-se que a premissa 3 é falsa, pois erguer uma pedra que por definição não pode ser erguida é logicamente absurdo, não mais que criar um solteiro casado. Em suma, de qualquer maneira, uma das premissas do argumento é falsa e portanto o argumento é refutado.

sábado, 24 de maio de 2014

Ciência e Fé, conflito ou coesão?

Não há um conflito profundo entre Ciência e Deus  


   Durante os últimos dois séculos temos vindo a experienciar um certo afastamento entre Ciência e Deus que tem levado várias pessoas a achar que a abdicação da Ciência e a Irracionalidade são preços a pagar para acreditar em Deus. Felizmente sabemos que não é assim. Por que meios? Em primeiro lugar por Revelação, já que na própria Bíblia temos várias respostas a esta pergunta, e como Cristãos este deve ser o nosso primeiro recurso a explorar.


“Se nalgum de vocês falta sabedoria, então que a peça a Deus, que a todos dá sem censura, e ser-lhe-á dada.” – Tiago

   A omnisciência de Deus leva-nos a perceber que é ao aproximarmo-nos de Deus que aumentamos a nossa sabedoria, não ao nos afastarmos.
Razões para achar que a Religião e a Ciência podem coexistir e cooperar:

  1.         A experiência mostra-nos que as Sociedades mais desenvolvidas do Mundo são religiosas, os grandes cientistas do Renascimento eram religiosos. Copérnico eram um cónego e Newton um fervoroso Cristão, que entendia a Ciência como uma maneira de conhecer melhor a obra de Deus.
  2.          A Religião oferece à Ciência as bases para operar. A Ciência necessita de certos pressupostos para existir, pressupostos esses que a visão Materialista do Mundo não oferece. Exemplos são pensar que as nossas faculdades cognitivas são confiáveis, que as Leis da Lógica funcionam e reflectem a realidade, ou que o Mundo pode ser matematicamente inteligível. Sem estes pressupostos a Ciência nem existiria…
  3.       A Ciência permite verificar e falsificar algumas afirmações do campo religioso. Por exemplo, a Ciência facilmente falsifica a crença mitológica grega de que o mundo estava sobre os ombros de Altas. Por outro lado, no último século a Ciência verificou a crença religiosa de que o Universo teve um começo, através da Teoria do Big Bang. Para além disso a Ciência oferece suporte para algumas das premissas chave de argumentos filosóficos a favor da existência de Deus.
  4. .     Há certas questões metafísicas que surgem em teorias científicas às quais a ciência não pode responder, mas que a religião pode. Por exemplo a ciência cosmológica não consegue responder à pergunta filosófica: “Porque existe algo em vez de nada?”, que facilmente pode ser respondida pela Religião com base na informação obtida por Revelação.
  5. .      A Ciência pode ser útil para analisar cuidadosamente alguns fenómenos religiosos e fornecer maneiras de nos aproximarmos mais da verdade e conhecer melhor Deus. Por exemplo, a ciência permite analisar os documentos históricos que existem sobre a vida de Jesus e dar-nos informação sobre que fontes de informação são fiáveis. A ciência também nos ajuda a verificar a autenticidade de determinados artefactos religiosos, por exemplo com datação por carbono-14. Para além disso também existe uma equipa de médicos que se dedica a verificar se certos acontecimentos são milagrosos ou foram apenas coincidências, e assim é possível fornecer informação útil ao Vaticano sobre este assunto com implicações importantes na área das Beatificações e Canonizações.

Newton, o pai da física, era um admirador da Bíblia e considerava o estudo da Ciência como uma maneira de apreciar as maravilhas do Criador

 Há um conflito entre a Ciência e o Ateísmo


  Poderia à primeira vista parecer estranho que tal coisa fosse verdade, já que a toda a hora os ateus baseiam os seus ataques à Fé Cristã em estudos científicos. O problema é que, se algumas teorias científicas são verdadeiras, então o ateísmo auto refuta-se. Se realmente o ateísmo estivesse certo então poderíamos dizer que os nosso pensamentos, acções, e até mesmo estudos eram apenas resultado de processos não-guiados, nos quais seríamos apenas máquinas propagadoras de ADN e prosperaríamos apenas porque o processo é auto-sustentável. O problema é que tal processo nunca nos garantiria que as nossas crenças seriam verdadeiras! Se o materialismo for verdadeiro, então as nossas equações e teorias que formulamos no estudo científico são apenas desenhos que fazemos num papel resultantes do acaso, porquê então pensar que têm algum significado? Porque razão haveríamos de acreditar que reflectem a realidade? Não haveria nenhuma, nem mesmo para acreditar nos próprios princípios materialistas em que basearíamos toda a nossa filosofia de vida… Esta ideia foi formulada por C.S. Lewis e ele raciocinava da seguinte maneira:


“Suponha-se que não há uma mente criadora por detrás do Universo. Nesse caso, ninguém desenhou o meu cérbero para pensar. O que acontece é que quando os átomos do meu cérbero interagem de certa maneira por razões químicas ou físicas isso dá-me uma sensação do que chamo pensamento. Mas, se isso é verdade, como posso eu confiar nele? (…) Mas se não posso confiar nas minhas próprias faculdades mentais, então não posso confiar nas razões que me levariam a ser um ateu, e portanto não teria razões para ser ateu. A não ser que acredite em Deus, eu não posso acreditar na fiabilidade do pensamento, logo não posso usá-lo para dizer desacreditar Deus.”

Conclui-se assim que o Teísmo e a Ciência têm bastantes pontos de coincidência e podem servir-se mutuamente numa relação de simbiose.