quarta-feira, 29 de junho de 2016

Os Dons de Deus - Redenção



É já de noite, e chegaram ao fim todas as minhas atividades diárias, lembro-me então que naqueles cinco minutos livres que tenho antes de dormir devo"fazer aquilo que um Cristão faz", ou seja, vou ler a minha Bíblia. Aleatoriamente abro uma página, Antigo Testamento, Isaías, um profeta, perfeito para adormecer! Quando os meus olhos já cansados e prestes a fechar pensam que estão prestes a finalizar mais um "ritual Cristão" há umas palavras que os fazem parar e permanecer abertos por mais um instante:
"Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro mais." - Is 43:25
Devo ter lido mal... Deus não se lembra dos meus pecados? Talvez não se lembre daquela pequena mentira ou daquele dia que bebi um bocadinho a mais. Mas certamente que Deus se lembra e bem dos meus maiores pecados, daqueles que eu próprio me lembro todos os dias. E mesmo que Ele se esquecesse, consigo já pensar num punhado de gente que o podia lembrar disso, talvez alguns deles até o fizessem com uma satisfação extra. Isto é simples: eu sei que Deus perdoa os meus pecados, eu sei que já estou perdoado, mas esquecer?...

Espera, mas eu... sou Cristão e portanto acredito na Bíblia, acredito em Deus, e neste verso é Ele mesmo que diz "dos teus pecados não me lembro mais". Já é tarde mas agora estou confuso e quero perceber o que se passa aqui. Se Deus esqueceu os meus pecados isso significa que aos olhos de Deus é como se eu nunca tivesse pecado. Mas não só isso, significa também que quando me olho ao espelho, não aquele que tenho no quarto e que vejo de olhos abertos e me mostra a minha linda face, mas aquele que olho de olhos fechados à noite quando estou a tentar adormecer e me mostra o meu coração eu já não devo mais ver os meus pecados. Espera, eu nem tenho esse direito, nem eu nem ninguém porque se o juiz de toda a Terra não vê mais os meus pecados nem eu posso anular esse veredito. 






Estou a folhear Romanos e aqui está 8:31-39: 

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito:Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.

Estou mais convencido: eu sei que Jesus me ama, e seu eu amo Jesus e faço dele o meu Senhor então Ele pode ter poder na minha vida. Mas Ele tem a intenção perfeita na minha vida e quer livrar-me dos meus pecados, e para além disso Ele é poderoso, omnipotente, Então se eu o deixar utilizar o seu poder na minha vida ele poderá realmente apagar os meus pecados.

Deus é omnisciente e portanto sei que Deus esquecer os meus pecados não significa que Ele não está ciente que aconteceram, mas significa que já não os associa a mim, porque Jesus tomou os meus pecados e venceu-os naquele dia em Jerusalém. Podemos dizer que Deus tem os meus pecados na sua cabeça mas não no seu coração, e portanto eles não têm poder para me condenar... Se calhar assim compreendo porque é que às vezes não sinto o poder de Deus na minha vida, porque é que ainda sinto o peso dos meus pecados, porque ouço sussurros a acusarem-me (e nós bem sabemos quem é aquele a quem se chama o acusador), porque tenho Deus presente na minha cabeça mas não no meu coração, na minha cabeça sei que estou perdoado mas não deixo que isso entre no meu coração, e sei bem que o que manda na minha vida é o meu coração. E portanto sinto-me acusado, não só por Deus ou pelos outros mas por mim mesmo...

Como hei-de fazer? Não se pode construir um telhado sem primeiro ter as paredes: devo deixar que Deus entre primeiro no meu coração e com ele sairá o domínio dos meus pecados. Faz sentido: se deixar que Deus entre no meu coração eu serei mais como Deus, e se Deus não se lembra dos meus pecados eu também não me irei lembrar se estiver em comunhão com Ele. Mas como posso fazer isso?? Bem, Deus é uma pessoa, devo falar com Ele, fazer aquilo a que chamei orar, mas só que agora a sério, de filho para Pai. Ele vai ouvir-me, eu sei que vai. Que inferno seria se tivesse de viver para sempre com os meus pecados, com a vergonha, o ódio, a tristeza, a condenação... Que inferno seria se tivesse de viver sem Deus e soubesse que nada poderia apagar as trevas que vi tantas vezes naquele espelho de olhos fechados. Nunca fui muito bom a orar, mas cá vai, já é antigo o ditado que diz que uma caminhada de milhares de quilómetros começa com um só passo, esta é hoje a minha oração:

"Obrigado Senhor porque me amas, obrigado porque me convidas a ser teu Filho sem pedir nada em troca e saíste do teu trono para trocar as trevas do meu coração pela luz do teu. Obrigado porque apagaste os meus pecados e porque graças a ti também eu os apagarei. Obrigado porque não fizeste isto só por mim mas por todos os homens, particularmente aqueles que eu mais amo, sei que nenhum deles terá de viver com os seus pecados e pode-mo-nos olhar uns aos outros como olhamos para ti, puros, não porque fomos bons mas porque tu és bom. Ajuda-me agora também a não me lembrar dos pecados dos outros, lembra-me que não tenho o direito de condenar os outros, porque tu não me condenaste a mim. Desejo agora no meu coração não me esquecer da gratidão que tenho e não me esquecer de te procurar, Haverá dias em que vou estar cansado, desiludido, ou simplesmente não me vai apetecer falar contigo, ajuda-me a que nesses dias eu consiga mesmo assim fazer um esforço para estar perto de ti. Lembro-me agora que tenho outros irmãos que ainda não te conhecem e que me ensinaste a não ser egoísta portanto não te quero todo só para mim, dá-me forças para ter a coragem de partilhar esta mensagem com eles, mesmo quando eles não parecerem recetivos ou eu me sentir fraco, lembra-me que tal como estiveste com Moisés no Egito também estarás comigo em Portugal. 

Para tua glória, em nome de Jesus. Amém"

(os meus olhos já fecharam e já consigo ver mais luz naquele espelho)

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