domingo, 20 de dezembro de 2015

20 de Dezembro - Deus mostra-nos a sua face

Na última reflexão semanal antes do Natal vamos examinar alguns textos que anunciam não só a vinda de Jesus como Rei, mas também como aquele que cumpre a vontade de Deus e permite que vejamos a sua face, pois esse é o propósito de Deus. Vemos brevemente o papel de Maria nesta história com oportunidade para contemplar aspetos da sua santidade.

Primeira Leitura - Mq 5:1-4
Reúna suas tropas, ó cidade das tropas, pois há um cerco contra nós. O líder de Israel será ferido na face, com uma vara. Mas tu, Belém-Efrata, embora pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para mim aquele que será o governante sobre Israel. 
Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos. Por isso os israelitas serão abandonados até que aquela que está em trabalho de parto dê à luz. Então o restante dos irmãos do governante voltará para unir-se aos israelitas. Ele se estabelecerá e os pastoreará na força do Senhor, na majestade do nome do Senhor, o seu Deus. E eles viverão em segurança, pois a grandeza dele alcançará os confins da terra.
O profeta Miqueias, que viveu por volta dos séculos VII ou VIII a.C., experienciando portanto a invasão de Judá em 701 pela Assíria. Ele aqui anuncia a vinda do Messias, daquele que libertará o povo, do grande Rei que governará Israel, e este é Jesus, nascido em Belém. O Natal é um tempo importante porque também nos lembra que Deus cumpre as suas promessas. Há diversas profecias no Antigo Testamento que foram cumpridas no nascimento, vida e morte de Jesus, e não devemos subestimar estas profecias, nem aquelas que ainda não se cumpriram pois se referem ao futuro, já que Deus é fiel à sua palavra. 
Estas palavras de Miqueias hoje confirmam para nós o que sabemos sobre Jesus: que todos aqueles que n'Ele confiam estão 'em segurança', e que a sua grandeza alcança os confins da Terra. Nós Cristão, somos co-trabalhadores com Deus, e devemos trabalhar par que o Evangelho seja pregado em todas as Nações, tal como Jesus nos comandou (Mt 28:18-20).

Salmo - Sl 80
Faz resplandecer sobre nós o teu rosto, para que sejamos salvos.
Neste Salmo o orador lembra-se de tudo o que aconteceu ao povo de Israel, e roga a Deus para que os restaure e lhes mostre o seu rosto. Porque é tão importante ver o rosto de Deus? Porque conhecer a Deus (não saber coisas sobre Deus) é a essência da Vida Eterna. A Salvação é, no fundo, a passagem da morte para a vida, a passagem da vida que decai para aquela que é eterna e não decai. A Vida Eterna, no sentido Bíblico, não é meramente existir para sempre, mas sim viver para sempre da melhor forma. Por isso é que Jesus nos disse que a Vida Eterna é conhecer a Deus (Jo 17:3). O Natal é portanto esta grande revelação de Deus, mostrando a sua face aos homens tornando-se Ele mesmo Homem e vivendo connosco. E depois, graças à sua morte, liberta-nos do pecado para que possamos realmente conhecer a Deus para sempre. Pois Deus quer conhecer e ser conhecido, quer amar e ser amado, quer glorificar e ser glorificado.

Segunda Leitura (Hb 10:5-10)
Por isso, quando Cristo veio ao mundo, disse:
"Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste; de holocaustos e ofertas pelo pecado não te agradaste. Então eu disse: 'Aqui estou, no livro está escrito a meu respeito; vim para fazer a tua vontade, ó Deus'". 
 Primeiro ele disse: "Sacrifícios, ofertas, holocaustos e ofertas pelo pecado não quiseste nem deles te agradaste" (os quais eram feitos conforme a Lei). Então acrescentou: "Aqui estou; vim para fazer a tua vontade". Ele cancela o primeiro para estabelecer o segundo. Pelo cumprimento dessa vontade fomos santificados, por meio do sacrifício do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas.
Vemos aqui uma espécie de diálogo entre Jesus e o Pai, explicado pelo escritor da carta aos Hebreus (que não sabemos ao certo quem foi). Os sacrifícios que eram oferecidos no Antigo Testamento nunca foram o ideal de Deus, pois eles não podem pagar pelo pecado. Várias vezes na Bíblia Deus diz que não são os sacrifícios animais que Ele deseja por parte do Homem (por exemplo Is 1:11). A razão pela qual estes sacrifícios foram instituídos sai fora do âmbito desta publicação. 
Jesus vem portanto fazer a vontade de Deus: Ele vem tornar possível o perdão do Homem, bem como a sua Santificação, para que a Comunhão com Deus e a renovação de toda a Criação seja possível para sempre, e assim o propósito de Deus pode ser cumprido. Jesus é o derradeiro sacrifício, e nunca devemos tentar acrescentar ao que Ele fez: nenhuma das nossas penitências e ofertas paga pelos nossos pecados, e por eles nunca devemos tentar pagar. Se um homem generoso me oferecer um grande conjunto de propriedades e eu lhe oferecer um euro por elas, é uma ofensa. Eu posso oferecer-lhe algo em gratidão, mas nunca pagar por aquilo que de graça recebi. E de graça recebi porque nunca pelo que recebi poderia eu pagar. 
Como nota adiciona, é por isso que denominações que "oferecem sacrifícios a Deus" nas suas celebrações, são por vezes alvo de controvérsia. Isto acontece com a Igreja Católica, que afirma que em todas as missas, o sacrifico de Jesus é novamente apresentado a Deus, e que realmente paga pelos pecados, no entanto com a salvaguarda que o sacrifício de Jesus e o que acontece na missa são um e um só sacrifício. O estudo da teologia da apresentação de sacrifícios a Deus, olhando para o que cada denominação pensa, o que pensaram os patriarcas e o que dizem as Escrituras é complexo e fica portanto fora do âmbito desta publicação.

Evangelho - Lc 1:39-45
Naqueles dias, Maria preparou-se e foi depressa para uma cidade da região montanhosa da Judeia, onde entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebé agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Em alta voz exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o filho que tu darás à luz! Mas por que sou tão agraciada, ao ponto de me visitar a mãe do meu Senhor? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, o bebé que está em meu ventre agitou-se de alegria. Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse!"

Este texto permite a reflexão acerca da santidade de Maria. Maria é santa porque nela viveu Deus mesmo, no seu ventre esteve aquele que havia de morrer pelos pecados de todo o mundo. Daí Maria ser bendita entre as mulheres. Na verdade,

é a única mulher na história que foi mãe de Deus. Mas lembre-mo-nos também que Maria é humana como nós, e precisava da Salvação como nós. Digo isto porque muitas vezes certas pessoas falam de Maria como se ela fosse divina e tivesse poderes em si mesma. É controverso se os Santos depois da sua morte intercedem pelos homens e ouvem as nossas orações, no entanto, mesmo que o façam, certamente que todos os milagres que resultem dessa mesma intercessão são de Deus, da mesma maneira que quando pedimos a um amigo ainda neste mundo para orar por nós e um certo milagre acontece esse milagre é de Deus, e não dele. Desejo que a Virgem seja hoje para nós um exemplo, pois ela obedeceu a Deus e creu, ou seja, confiou-Lhe a sua vida. E por isso disse ao anjo: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra." (Lc 1:38).


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